A Região do Douro é caracterizada por solos com grandes quantidades de materiais grosseiros, de elevada pedrogosidade
à superfície, o que permite uma boa penetração das raízes, aumentando a permeabilidade da água. Contraria a erosão e condiciona
o microclima junto às cepas, quer pela reflexão de radiação solar, quer pela acumulação de calor durante o dia e sua cedência
gradual durante a noite.
A oeste a região é protegida por montanhas, destacando-se a serra do Marão (1415 metros),
abrigando-a das condições atlânticas e retendo, em certa medida, a elevada precipitação que caracteriza o Douro inferior (Douro
Litoral). Daí que a zona da região mais a poente seja ainda influenciada pelo clima tipo atlântico. Esta influência atenua-se
à medida que se avança para montante, dando lugar ao Atlântico-Mediterrânico na zona central da Região e ao Ibero Mediterrânico
no Douro Superior.
Pela diversidade das características climáticas, e também de fertilidade dos solos, definiram-se “naturalmente”
três sub-regiões, com características e potencialidades algo distintas:
- O Baixo Corgo, compreendendo toda a bacia inferior da Região Demarcada de Barqueiros à foz do rio Corgo; o Cima Corgo
desta ao Cachão da Valeira – S. João da Pesqueira, e o Douro Superior que se estende até Espanha (Barca d’Alva)
. É no Baixo Corgo, com uma área total de 45 mil ha, que se encontra a maior concentração de vinha – 29,9% da área de
sub-região, contribuindo com 54% da superfície total da vinha da Região do Douro. É, de todas, a região mais fértil, fruto
essencialmente da maior precipitação e de alguma menor dificuldade de criar solos mais profundos. Produzem-se bons vinhos
generosos, Rubies e Tawnies novos e tintos e brancos (VQPRD) com um excelente potencial enológico.
- No Cima Corgo, a paisagem quase que bruscamente se altera. As dobradas das
encostas tornam-se mais agressivas, os vales dos rios e ribeiras mais profundos, sendo as condições de solo e clima mais agrestes.
Dos 95 000 ha, a vinha actual não ultrapassa os 17,9% dessa área, contribuindo com 32% da superfície total da Região. As produções
unitárias são pequenas, mas em geral de alta qualidade. O Cima Corgo é o berço dos grandes “tawnies” e “vintages”.
- A partir do Cachão da Valeira, surge o Douro Superior. É a sub-região de maior
área, incluída na Região Demarcada do Douro, com uma superfície total de 110 mil ha. No entanto, apenas 7,3% desta área se
encontram utilizados pela vinha, contribuindo com 13,2% da superfície total da vinha da Região do Douro. Em relação às restantes
duas sub-regiões, o Douro Superior é menos acidentado, com encostas geralmente mais suaves e vales menos profundos. O clima
é tipicamente mediterrânico, com as temperaturas estivais mais elevadas, e precipitações anuais próximas dos 400mm. É uma
região onde se encontram produtos vínicos de elevada qualidade, nomeadamente tintos do Douro, assim como vinhos generosos
para as qualidades de LBV’s e Vintages.
Da totalidade da superfície plantada, somente 26 000 ha estão autorizados a produzir
Vinho do Porto. As vinhas aptas a produzir são seleccionadas e classificadas segundo critérios bem definidos. É a partir do
5º ano de plantação que as vinhas podem ser consideradas para a produção de Vinho do Porto e, de acordo com os elementos cadastrais,
cada parcela de vinha tem direito a um determinado coeficiente de benefício.
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